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    A falta de ansiedade me deixa ansiosa




    Não há como saber, pelo menos com antecedência, se conviver com tanta ansiedade acabará revelando uma via de tráfego intenso ou um beco sem saída. A questão é atravessar os dias como se essa diferença não contasse, e portanto viver de uma forma que torne irrelevante o problema de "colocar os pingos nos Is". Ansiedade é mais ou menos isso. Trafegar durante esses dias tem sido uma tarefa deveras árdua, pra quem é tão sonhadora como eu.

    Dificilmente acharei alguém pra partilhar meus problemas mais traumáticos apenas por ter com quem partilhar. Daí então os dias de terapia. Uma vez na semana sento naquele assento baixo, que quase me remete a posição de ajoelhar, talvez tenha esse propósito, meio que um confessionário semanal pra eu poder esparramar pelas quatro paredes e dois ouvidos o que aconteceu durante a minha semana.

     A semana de um ansioso nunca é a mesma, e quando a calmaria se aproxima sempre existe um jeitinho próprio de "burlar", "cabular" e, na mais plena ação, "sabotar" aquilo que de bom pode acontecer. Sempre que tudo acontece de forma calma, a minha mente trabalha no reverso: sempre acho que algo dará errado, desconfio das pessoas, acho que estou sendo enganada ou que não sou merecedora de tal benefício. A autosabotagem é a minha melhor e pior amiga. De certa forma ela me ajuda a não passar por tanto sofrimento, e ao mesmo tempo ela age contra a felicidade por justamente achar que haverá sofrimentos no caminho. Apesar de sempre haver, não é mesmo? O indivíduo que não sabe lidar com sofrimento geralmente o evita, e é o que a minha ansiedade faz por merecer estar em minha vida.

    Depois de alguns relacionamentos traumáticos, de histórias mal acabadas, de uma separação e ter presenciado a separação dos meus pais (ainda que eles tenham voltado a conviver), a ansiedade está sempre evidente quando conheço alguém novo. Eu dou um jeitinho do rapaz ficar de saco cheio de mim, porque fico imaginando que se me entregar posso sofrer no futuro ou então que não sou merecedora de tal carinho. Mas o fato é que eu não quero que o rapaz me deixe e ao mesmo tempo existem esses grilos. Fico descarregando todo o meu peso até que a pessoa perca o interesse, mas não é o que eu quero realmente. É complicado explicar e, mais ainda, viver com essa ansiedade maluca. De certa forma, o maior medo do ansioso é ser feliz. Porque sabe que felicidade também não é pra sempre e acaba fazendo com que as pessoas se afastem por medo que essa felicidade acabe.

    O que posso falar de mim é que eu estou lutando há muito tempo contra isso e há muito tempo sem saber o que é ser feliz de verdade com um companheiro que entenda a minha maneira de pensar. Tudo o que faço é basicamente o contrário do que realmente quero. Quero que as coisas deem certo! Quero conhecer alguém legal que vai me trazer coisas boas do mundo! Mas não sei de onde vem tanto medo. Talve eu saiba, e só eu poderei mudar isso. E é por isso que fui atrás de ajuda, é por isso que quero ser uma pessoa melhor dia após dia. Sou bem humorada, alegre pela manhã, simpática no trabalho, recebo elogios... Mas a minha mente percorre um total caminho desgovernado e desenfreado. Quero mudar de vida.

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