• PEW PEW PEW

    Pula uma linha, parágrafo


    O relógio confunde, já passou das 10 da noite do horário de verão quando me encontro nesse quarto com os pensamentos a milhão esperando por algo acontecer. Eu deito na cama e acho que ela quer que eu me vire de um lado para o outro pra não ter que olhar pro teto, porque parece que olhar pra cima influencia na minha imaginação e, cacete, como meu pensamento vai longe... Eu só queria conseguir adormecer logo, mesmo tendo a mente tão cansada e abarrotada de pensamentos, pensamentos estes que desejaria que sumissem da minha mente num estalo - mas eu sei que amanhã virão a milhão novamente, basicamente automático quando se entra em desespero. Crises, insônias, desejos, planos. Praticamente tudo sem fundamento, mas a mente é que me faz entrar neste ringue e, gente, a que ponto estou chegando? Estou prestes a completar meus trinta anos, no auge da minha vida, gostaria de aproveitá-la melhor e ser menos encanada, menos profunda, menos intensa. Há muito tempo não sei o que é corresponder, ser correspondida. Acho que sempre deixei levar, nunca foi como um todo, nunca 100%. Eu tentei muito desviar meus pensamentos pra outras coisas - talvez seja por isso que eu me interesse tanto por dança, música, costura, cabelo, budismo, fotografia, origami, escrever, psicologia, cantar... Tudo isso pra driblar os meus pensamentos. Isso não tenho como escolher, nem sequer ordenar a ser diferente, apenas acontece sem querer. Muito tenho me esforçado em pensar em nada, mas pensar em querer pensar em nada já é pensar, e é uma brecha pra querer pensar em mil outras coisas, que vão interligar à outras mil coisas. É difícil lutar contra a própria mente, uma vez em que boa parte do dia tem sido maravilhoso mas quando me encontro na companhia dessas paredes brancas me vem o desespero e aquela ânsia por algo que não sei o que é. Na real sei bem o que é, mas ainda não vivi pra saber. Acredito que ainda não sei lidar muito bem com meus sentimentos. Já sofri e fiz sofrer, talvez por sempre estar procurando. Juro que não queria estar assim, com medo de muita coisa, com pé atrás de muita coisa. Tentando manipular minha própria mente - sem sucesso. É por isso que escrevo sem um novo parágrafo. Eu nem sei quando vou parar. É uma entre tantas crises, é o século em que vivemos, é o nosso tempo, é tudo... E tá na gente. Sei lá, queria ser diferente, mas ao mesmo tempo gosto de ser quem sou. Sabe? Tão intensa, tão desenfreada, tão única, tão incompreendida. Não romantizo a depressão que sinto, apenas aprendi a conviver com ela. Me sufoca um pouco, eu sei, mas me faz querer enfrentar o desafio de vencê-la mesmo quase perdendo o ar. Eu escrevo porque me acalma. Pula uma linha, parágrafo, e começa um novo texto.

    0 pensantes:

    Postar um comentário

    Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.