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    No pain, no gain?


    Hoje os passos foram bem breves e precisos. Caminhei do trabalho até o ponto de ônibus com rapidez, mas mesmo assim, avistei o ônibus que perdi andando pela passarela.
    Chego no ponto já quase sem fôlego porque eu pensei que precisava sentar aqui para escrever novamente. Por sorte, um outro ônibus passa logo em seguida. Cheio. Mas com um dos assentos livre. O "reservado".
    Sento ao lado de uma moça. Meu olhar um pouco abalado chamou sua atenção. Ela rapidamente me olha e diz "Moça, acho que estou grávida..." e logo em seguida, passa muito mal no ônibus.
    De abalado, meu olhar passa a ficar meio que sem brilho. Apenas cultivando uma pequena lágrima que não se conteve em ficar guardadinha no lugar em que nunca deveria ter saído. A falta de brilho agora deu lugar a outro sentimento que eu não sei explicar direito. Chego até a ficar sem ar.
    A dor no peito. Um vazio muito "cheio" de coisas. Um enorme vazio. Enorme e sem nome.
    Todas essas pessoas no ônibus possuem histórias únicas. Talvez a moça que estava passando mal estivesse mesmo grávida, talvez não. Talvez o cobrador esteja com problemas em casa. O motorista corria demais e estava estressado, acho que era sua última viagem.
    E tinha uma prima naquele ônibus que fingiu não me conhecer. Certo. Retribuído. Coisa mais sem sentimento.
    Outra lágrima que não se conteve rolou até o queixo. E eu, naquele assento reservado, sem nenhum outro passageiro que pudesse me ver, consegui ver meu rosto refletir no vidro em que separava o cobrador do resto do ônibus. Me segurei para não deixar que outra lágrima caísse.
    É horrível.
    É um sentimento horrível.
    Existem 3 dores horríveis que eu não gosto nem de pensar: quebrar um dos ossos (puta merda, eu sou toda quebrada, vocês não tem noção), a dor de sentir falta de alguém que morreu e... a dor de um coração partido. 
    Bom, para as 3 dores existe o tempo como remédio. Mas parece que não vai passar nunca, né?

    Enfim, chego ao meu destino.
    Acender um cigarro, a primeira coisa que faço.
    Essa minha prima desceu no mesmo ponto, correndo. Fugindo de mim, será? Alcancei. Na verdade, a ultrapassei. E ela andou mais devagar. 
    Chego em casa e assino a papelada.
    Tá. Tá tudo certo então?
    E aí?
    Tudo certo?
    Tudo?
    Certo?

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