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    Apanhador Só


    Eu sou (ou era) uma dessas pessoas que detestam música nacional. Tá, eu era mesmo. Porque estou apaixonada por uma banda gaúcha chamada Apanhador Só.
    Eu não sei como, nem porque essa banda me cativou. Mentira, sei sim.
    Nesses meus tempos de solidão contínua, de depressão e um vazio existencial, eu pensei que precisava achar na música algo que não encontrava nas ruas: sentimento. Um faz-de-conta. Total faz-de-conta. E a cada vez que reparo nas letras dessas músicas, me apaixono mais.
    Me deparei com uma breve descrição da banda, escrita por um de seus integrantes:
    “Um velho cego certa vez me disse para eu me fiar na solidão. Que ela instrui os sentidos. Que há mais filosofia numa sola de sapato que num livro, que um armário sabe mais histórias que um museu. Então me veio essa de construir um parque de diversões onde a única coisa a tocar fosse Apanhador Só. Quando o parque vai ficar pronto? Talvez no dia de não-sei-eu-quando, pois que a experiência demonstra: tudo que é cheio de nove-horas envolve muito balangandã e dor nas costas. Mas demore o que demorar, eu espero, só para poder colocar lá dentro todos os serezinhos dessa mitologia muito da singular que a Apanhador inventa, essa ciranda de padeiros e teoria da relatividade, café solúvel batido sem açúcar, reis conselheiros, garrafas quebradas e histórias de pescador, como um coral de caipiras num picadeiro lamentando um amor perdido, ao som das trombetas plásticas que vêm de brinde nos sorvetes de maria-mole. É assim que vai ser, e eu já enxergo a fila no portão. Propus sociedade ao velho, mas ele me mandou catar coquinhos. Prefere trabalhar na bilheteria. O primeiro disco da Apanhador Só é o parque de diversões da minha solidão.”
    – Diego Grando
     Sinceridade: achei belo.

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