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    Odeio uva-passa em maionese


    Fala-se muito sobre a felicidade, mas esquecemos das chances que perdemos de sorrir e viver sem ter que 'buscar' por nada. E não há necessidade alguma de querer partir para o novo na esperança de nos satisfazermos com o desconhecido apenas porque queremos tal coisa. 
    Difícil acreditar que alguém assuma possuir a tal da felicidade 100%, o dia todo. Preocupa-se muito com objetivos que nos tornem capazes de seguir em frente e esquece-se do tempo que precisamos passar sem ter que refletir se vai dar certo ou não. 
    A partir do momento que indagamos tanto sobre a felicidade plena, estamos criando um bloqueio para que ela chegue sem pedir permissão para entrar. Não que eu não permita, só nunca consegui sentir que a felicidade me invadiu alguma vez com plenitude. Talvez alguns suspiros e alguns respiros momentâneos, mas o fato é que corremos contra as coisas que nos fazem tristes o tempo todo. E ficamos mais tristes que felizes - o tempo todo. Há sempre algo para nos chatearmos, mas é momentâneo. 
    Dia desses decidi não abrir o guarda-chuva em um temporal no centro de São Paulo. Foi um momento de purificação e de reparar o quanto as pessoas se irritam de graça. Seja o motorista correndo na pista molhada, o sinal que não abre para os pedestres, o ônibus que corre e quase atropela. Naquele dia eu deixei que os pingos da chuva infiltrassem em meus poros, chorei no meio da rua sem que ninguém percebesse, afinal lágrimas são mesmo como a chuva - e elas também secam. É inevitável a vermelhidão do olhar. Alguns reparam, outros não. Algo do tipo "essa louca vai pegar um resfriado, mas foda-se, estou protegido". Protegemo-nos do quê? Do sofrimento? De doenças?
    Ora, se não passarmos por tudo isso que tanto nos protegemos, por que diabos devo acreditar que ser feliz é mais simples do que parece? É o controle da mente que se perde no ar, que flutua. E é claro que para tudo existe remédio. Desde que sejamos intensos em tudo - disse tudo, inclusive em momentos de desespero - faremos com que sejam momentos inesquecíveis. Sejam com os quilos a mais que ganhamos ou perdemos, a perda de um ente querido, o faz-de-conta no Facebook de fotos felizes e falsas. O faz-de-conta é um escudo para todos nós (e nem todo palhaço é alegre). 
    E o mundo tá acabando. 
    E eu odeio uva-passa em maionese. 

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