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    Parte 2


    O verso do inverso, escuridão precisamente colocada quando não sei como nem quando encostar o chão, alcançar o teto, abrir os braços para saber se existem paredes por perto. E eu não vejo nada, não ouço nada, não sinto nada. É o silêncio que invade. É o mesmo silêncio que me acompanhou durante todos esses anos, dia sim, dia não. Dias X que nascem especialmente para confundir meus sentidos.
    Já não há mais senso de espaço, nem vontade de construir um prédio. E como num sopro, o que me resta vai embora e se espalha sem saber o lugar em que vai parar. O estardalhaço dos pedacinhos quebrados de alguma coisa que já existiu (e queria um repeteco - hoje não). Que vontade de viver por alguns instantes isso de novo, com personagens diferentes! Como queria sentir alívio depois de correr contra qualquer coisa, a favor de tudo. E me sinto perdida. Sem retrovisor para olhar o que passou, sem pára-choques para me proteger das batidas. Mas também não há lugar para ir, não há caminho para traçar. O chão é infundável. O cheiro, intragável. O gosto, horrível. A vida, inimaginável.
    Queria fazer tudo certo. Queria ser certa. Mas estaria deixando de ser humana. Não sou programada para tal. Eu preciso ter calma, preciso ter sã consciência. Preciso de mim. Preciso. Preciso. Preciso. Preciso parar de viver atrás da janela. Preciso de uma outra imagem, uma outra postura. Um novo 'eu'. Um novo 'eu'. Um novo 'eu'. Eu preciso de mim.

    O verso do inverso, escuridão precisamente colocada quando não sei nem como encostar meu rosto.
    Muda o disco. Lado B.
    Parte 2.

    'Mudar o mundo será apenas mudar o mundo de lugar?
    Se o conteúdo se refaz é preciso quebrar ou mudar a embalagem.'

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