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    20h41


    20h25 de uma noite de sexta-feira em que me encontro frente ao espelho maquiada, cabelo escovado, sobrancelhas feitas, unhas lindíssimas, pele hidratada, depilação feita e nada me faz pensar que preciso estar assim para que alguém goste assim. Já que a maioria optaria estar perambulando por aí, eu preparo meu chá de camolila em comemoração ao friozinho que decidiu aparecer no clima paulistano: relaxo os pés em água quente, hidratando-os apenas para que essas duas coisinhas aguentem o tranco que vem por aí.
    20h31 de uma noite em que reflito sobre relacionamentos, sobre o 'ser sozinha' e sobre o 'há possibilidades'. Mas, não... Acho que agora é o tempo de me aceitar, tudo num âmbito individualista. Mas cá estou (e mesmo assim) falando de relacionamentos e falando de mim. Até que ouço as risadas exautadas das travestis enjauladas em um cubículo de 26m² ao lado, enquanto estudo minhas apostilas. 1, 2, 3 tchá tchá tchá para o barulhinho da água batendo no cocuruto. 
    20h36 de uma noite em que eu não tenho para quem ligar e dizer "olha, poderíamos estar juntos agora. Ver um filme, tomar uma cerveja". Mas eu tô me fantasiando de sossego presente no primeiro assento do ônibus, daquele que eu decido sentar para não ter que enfrentar aquele corredor cheio de gente estranha, de não ter que olhar a muvuca e fazer parte da massa. Dos seres massantes que pensam igual, que não sabem nem para onde vão e porque estão ali. Dos que acham que uma opção pode ser algo para apenas ter o que dizer e ter o que dizer que faz.
    20h40 de uma noite em que faxinarei meu apartamento às 20h50.

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